sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

D' O Rei Leão...à educação!

O Facebook, para além doutros aspetos positivos, tem este de nos permitir ler coisas sobre as quais provavelmente não passaríamos os olhos, não fora a partilha que outros fazem connosco. Foi o caso deste artigo publicado ontem no Expresso, a propósito dos 20 anos do filme "O Rei Leão" e de como hoje ele não seria provavelmente realizado por ser demasiado duro para as criancinhas...Àparte o tom irónico convido-vos, antes de prosseguirem a leitura deste post, a lerem então o artigo.
(...)

Não sei se hei-de dizer "feliz" ou "infelizmente", a verdade é que subscrevo inteiramente! ...Preocupa-me, isso sim! Porque, mesmo que seja fruto do progresso e de toda a rapidez com que os dias são vividos e com que as mudanças acontecem na nossa vida do dia-a-dia ao nível prático, a verdade é que há coisas que nunca mudam: haverá sempre bem e mal, morte e vida, sofrimento, doença, alegria e amor! E uma das funções dos contos e das histórias é exatamente esse: o de através de uma história dar a conhecer a vida tal qual ela é, com tudo o que tem de melhor e pior!
Na verdade, a preocupação não é só a propósito do "branqueamento" dos contos de fadas ou das histórias de encantar, que a maior parte das vezes tinham pouco de encantador, dada a dureza das histórias de vida dos personagens principais! Gente da minha geração -e das anteriores- recordem-se das versões originais da Cinderela, da Branca de Neve, do Patinho Feio ou do Capuchinho Vermelho (só para falar de algumas) onde pontuam órfãos, maltratados por familiares e outros, colocados à margem por serem diferentes, obrigados a trabalhar de sol a sol ou abandonados à sua sorte face aos mais diversos perigos. 
Ou ainda de algumas das séries televisivas que víamos na infância como a Heidi, o Tom Sawyer ou a Candy, Candy...histórias com momentos de fazer chorar as pedras da calçada que, por mais  tristes que fossem (e eram) não nos deixaram traumatizados para a vida. Verdade?
Então porquê poupar as crianças de hoje a essas realidades, dando um tom mais cor-de rosa às histórias e evitando empregar palavras como morte, sofrimento e dor? Infelizmente, são situações com que elas, mais tarde ou mais cedo, vão contactar e ter de lidar com! E as histórias, na sua essência, servem para isso: não apenas para entreter mas para educar. E educar significa na origem "levar para fora" (do latim educare, palavra composta por ex, "fora" e ducere, "guiar, conduzir"). No fundo, educar é indicar, mostrar o que existe para além da criança; conduzi-la na descoberta daquilo que lhe é exterior mas que a envolve.
Paradoxalmente, vivemos num tempo onde -mais do que em qualquer outra época- as crianças estão expostas aos males do mundo: a morte, os abusos físicos e psicológicos, a crise, as guerras...entram-nos pela casa dentro ("Salvo seja!"), numa avalanche informativa difícil de controlar. Nunca fomos tão conhecedores, quer dos sofrimentos dos outros (dos que nos são próximos aos daqueles que vivem no outro lado da Terra) quer dos males que nos podem calhar em sorte (que há sortes bem más)!
Enfim...o texto já vai (muito) longo e a matéria dá pano para mangas: educar alguém (e todos somos educadores, de alguma forma) é das tarefas mais complexas que há e é (acima de tudo) também uma aprendizagem, um caminho...Mas, no meu entender, um caminho onde devem caber o máximo de tons e cambiantes: posso gostar mais do branco ou do rosa mas serei um ser mais completo se souber que também há o preto, o laranja, o amarelo, o verde e o azul...se é que me faço entender?! 
O "branqueamento", a indiferença e a ignorância nunca serão verdadeiro caminho para coisa alguma!  



2 comentários:

Zinha disse...

Parabéns Ângela, o teu artigo expressa o que se está a passar atualmente. De facto, nenhum de nós (e a minha geração já nem é a tua) vive traumatizado com os desenhos animados que viu, muito pelo contrário, recordamo-nos de todos eles, pois vimo-los vezes sem conta! Um beijinho :)

Teresa Vitorino disse...

Concordo inteiramente contigo...